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Ano VIII • 1991-06-15 • nº 4 • Julho/Agosto |
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apresentação |
MARIA LUÍSA FALCÃO – ANTÓNIO BIVAR
Como compreender a proliferação das seitas no século XX? Será este fenómeno exclusivo dos tempos modernos ou, pelo contrário, tem sido uma constante ao longo da História? Corresponderá a uma crise de valores, a certa procura do transcendente, a moda passageira, à necessidade de segurança emotiva e psicológica, ao desencanto face às igrejas institucionalizadas? Serão a pura lógica e as “certezas científicas” que guiam as opções do homem moderno, ou sentimo-nos atraídos pelos critérios religiosos nas suas formas mais imediatas e sedutoras para quem vive num mundo hostil e despersonalizante? Quais as implicações sociológicas, psicológicas e pastorais deste fenómeno? Os vários artigos que formam este número, procuram clarificar estas questões; J. Carreira das Neves começa por analisar o aparecimento das seitas na actualidade, referindo elementos específicos das que considera mais representativas. Tendo a Santa Sé elaborado um relatório acerca deste problema, aproveitamos a oportunidade de também o apresentar aos leitores da COMMUNIO. Frédéric Manns transporta-nos ao limiar da era cristã falando-nos da multiplicação de correntes religiosas no seio do judaísmo, algumas das quais parecem aproximar-se estranhamente do que hoje entendemos por seitas. Henri Cazelles analisa etimologicamente o termo “seita” e aponta allgumas das conotações culturais que a ele se ligam. Jean Duchesne recorda, por seu lado, que o sentido de “seguir” se encontra na origem do conceito de “seita”; a essa luz confronta o problema da “sectarização” nos casos da Igreja católica e das igrejas cristãs nascidas da Reforma. Que motivações psicológicas se podem detectar naqueles que aderem às seitas ou “novos movimentos religiosos”?; João de Deus Jorge procura responder a esta questão. Também a sociologia permite aprofundar a compreensão destes fenómenos; Mário Lages estuda desse ponto de vista esta multiforme realidade, utilizando para o caso português estatísticas obtidas entre 1960 e 1981. A abordagem que neste número é feita em relação à problemática das seitas encerra-se com testemunhos de João Sevivas e Luís Archer, que evidenciam o carácter de desafio que as seitas assumem num país de predominância católica. Conforme anunciado no número anterior insere-se agora a segunda parte do artigo sobre o cinquentenário da Concordata, de Manuel Braga da Cruz.
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