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Autor
Ano VI • 1989-05-15 • nº 3 • Maio/Junho
A Revolução Francesa
 
palavra-chave
 
   

artigos
A herança fatal. O Iluminismo na Revolução Francesa

A Igreja Católica e os valores da Revolução Francesa • pág 197
Chappin, Marcel
Direitos do homem, direitos da pessoa • pág 208
Hilaire, Yves-Marie
Festas revolucionárias e cronologia cristã • pág 219
Henriques, António Mendo Castro
Os católicos portugueses e os princípios de 89 • pág 250
Clemente, Manuel
O potencial libertador da fé cristã e o ideal europeu de liberdade • pág 265
Galvão, Henrique de Noronha
“Justiça, paz e integridade da Criação”. Assembleia ecuménica de Basileia • pág 285
Neves, Manuel Carreira das


apresentação

LUÌS FILIPE THOMAZ – MARIA C. BRANCO

Pretendendo identificar uma dada realidade histórica com a revelação de Deus há-de ter-se em conta que neste mundo o Reino de Deus está presente, mas apenas enquanto esperança escatológica. A ambivalência é inerente a toda a contingência humana e, nessa perspectiva, a Revolução Francesa foi um caso exemplar. Os valores da liberdade, igualdade, fraternidade são valores essenciais de uma civilização que se quer humana e cristã. Mas que dizer então da guilhotina, do terror, da perseguição à Igreja, do racionalismo estreito da filosofia das luzes, de um projecto de educação donde estava ausente a dimensão transcendente? A Revolução Francesa é considerada símbolo de uma ruptura entre um "antes" e um "depois". Nos inícios do sec. XIX o mundo está em radical transformação: era o fim de uma civilização que durante séculos se fundou na religião; emergia, agora, embora sem contornos nítidos, uma sociedade nova. Haveria aí, ainda, lugar para a Igreja de Cristo? A COMMUNIO ao tratar o tema da "Revolução Francesa" deseja contribuir para uma reflexão sobre o significado deste acontecimento que, entre outros, originou a sociedade moderna. De que modo afectou o cristianismo na modernidade? E, em particular, como foi reagindo a Igreja à perda da sua presença social, da sua visibilidade imediata? A falta à última hora de dois artigos – um deles sobre a recusa da religião pelo mundo da cultura e da ciência na sequência de posições iluministas, já prometido no fascículo 1 do corrente ano – obrigou a modificações que, no entanto, esperamos não alterarem muito a nossa intenção inicial. O actual empenhamento da Igreja na promoção dos direitos do homem e também, a outro nível, na valoração da democracia é hoje uma realidade. Partindo de uma atitude que originariamente a opôs à revolução, como chegou hoje a Igreja – ainda que não abdicando de uma atitude crítica – à posição de defensora e promotora dos valores de 1789? É este o tema do artigo de M. Chapin. São ainda os direitos do homem, e a ideologia individualista que os pressupõe, o tema do artigo de Yves-Marie Hilaire. Os revolucionários, na sua tentativa de marginalizar socialmente a religião católica, procuraram substituir as festas religiosas e o calendário cristão por um modelo profano. Hans Maier dá-nos conta desse processo que punha em causa a tradição cristã da cultura da festa e a raiz cristã da divisão do tempo; e refere como, para a modernidade, ficou a consciência da diferença mas também da solidariedade entre as duas festas, a espiritual e a profana. Na genealogia das influências filosóficas da revolução, inscreve-se o Iluminismo. Mendo Castro Henriques, numa análise polémica, percorre vários pensadores, tentando determinar a natureza das relações entre a filosofia das luzes e a revolução. E em Portugal, como se deu a recepção do ideário revolucionário? Manuel Clemente escolheu um momento particularmente rico para uma sondagem: a segunda metade do sec. XIX, próximo do 1º centenário da revolução, e na altura da derrota da Comuna de Paris, derrota então considerada por muitos como o fim do espírito revolucionário. O tema da liberdade, apesar de não ser alheio à tradição cristã, foi central nas discórdias da Igreja com a revolução. Há, desde logo, um desfasamento entre o discurso tradicional sobre o conceito metafísico da liberdade e o discurso político moderno sobre as liberdades públicas. Mediante estas estava subjacente a criação autónoma de uma nova fundamentação da liberdade. Mas H. Noronha Galvão, ao percorrer a história europeia da liberdade, revela-nos como esta só se reconhece a si própria ao reconhecer a sua inspiração cristã; e como, ainda hoje, a liberdade referida a Jesus Cristo, ao encontrar na justiça a sua verdade, é autêntica fonte de libertação. A concluir este fascículo não quisemos deixar passar sem referência a realização da Assembleia Ecuménica de Basileia, momento importante de diálogo e reflexão das várias confissões cristãs sobre problemas que se colocam ao mundo e aos homens de hoje. M. Carreira das Neves relata o que se passou e as propostas para o futuro que ali foram apresentadas.

 
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