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Ano I • 1984-08-31 • nº 4 • Julho/Agosto |
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apresentação |
MARIA MANUELA DE CARVALHO
Será a esperança, somente, a busca de um futuro para a nossa história como se nesta o homem não encontrasse sentido, lugar de realização, e a fosse sempre transcendendo na expectativa de um amanhã talvez inatingível e utópico?
A esperança apenas procura um amanhã porque não se sacia no provisório, porque busca o definitivo. Definitivo, para o peregrino na história, será encontrar a vida em plenitude, na unidade realizada que lhe dá sentido, na comunhão experimentada que lhe dá felicidade.
Mas, se essa vida é um amanhã desejado pelo homem, nas suas limitações, é também o hoje de plenitude, na presença divina que abraça a história, e que nela realiza, no mistério do agir Trinitário, um quotidiano de salvação.
Esperar será então a coragem de viver a fé nesse hoje de plenitude, coragem que consiste em permitir que, hoje, Deus prepare, em cada um de nós, o futuro da história, a realização da história, a entrega de tudo por Cristo ao Pai.
Esperar é acolher o amor definitivo e total como força constante na vida, é acolher a plenitude de Cristo como Senhor da história, na atitude obediencial de quem encontrou o sentido da vida, e orienta a vida para o seu sentido. Cristo – o Vivo – dá à nossa vida histórica o seu sentido definitivo. Ele é o seu "eschaton", a plenitude do amor realizado. Na sua morte e ressurreição, o seu amor tornou-se, uma vez por todas, acção salvífica da história, sacramento quer do amor eterno do Pai pelos homens quer da resposta da humanidade assumida e redimida a Deus.
Cristo é, pois, a nossa esperança, o sentido fundamental e fundante do nosso viver, a realização definitiva de uma vida que Ele nos dá a comungar. Comungamos na sua obediência ao Pai, pelo sofrer, dia a dia, os embates do mundo na paciência do amor.
Cristo é a nossa esperança; e esperar é ter a coragem de ser cristão, de confessar, nas acções e nas palavras, que se aceita o senhorio de Deus, que a vida divina invade a nossa vida histórica: "Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim"; é ter coragem de construir um hoje que seja o admirável mundo novo, porque o mundo onde não há apenas utopias de futuro nem saudades do passado, mas coragem paciente de um presente crístico.
Esperar foi a atitude de Maria. E a COMMUNIO, qo querer neste mês de Agosto homenagear a Mãe de Deus na sua festa da Assunção, fá-lo apontando-a como a Esperança Viva escatológica da Igreja Imaculada, que Ela já é na Glória divina e que a Igreja peregrinante será com Ela em seu Filho na comunhão Trinitária da plenitude, quando "Cristo for tudo em todos". |
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